The Walking Dead | Jon Bernthal fala sobre a despedida de Shane

"Jon Bernthal esteve na convenção Emerald City e falou sobre sua saída na série."

Tenho que admitir que eu não contava com a morte de Shane, especialmente em tão pouco tempo após a partida de Dale! Desde quando você sabia que isso iria acontecer?
Isso sempre esteve nos planos. Eu tive o luxo (que é raro em séries de TV com número de episódios determinados) de saber qual era o meu arco, de saber que havia um começo, um meio e um final. Eu sempre soube o que iria acontecer e sou muito grato por isso. Isso me possibilitou a dar o melhor de mim na construção de um personagem tridimensional e mostrar tantas nuances quanto fosse possível. Não me entenda mal, eu adoraria ainda estar na série, mas a oportunidade de construir o personagem foi ótima.


Você leu algum dos quadrinhos?
Não, eu não li. Tipo, eles me mandaram as HQ’s quando eu consegui o trabalho, e eu fiquei todo animado e abri o material original e então o meu personagem morreu antes no fim do primeiro compêndio e eu me toquei, “Não há razão para você ler isso.”


Achei interessante que, quando eles trouxeram aquele arco de volta, Carl ainda tenha sido quem matou Shane.

Achei isso bem legal também. Achei bom mesmo. Eu sempre disse que a questão não era se Shane iria morrer, e sim como a morte dele refletiria em Rick, Carl e Lori. E isso é o que importa. E achei ótimo que eles deram um jeito de fazer com que tanto Rick quanto Carl tivessem parte na morte dele.
Foi super legal assistir a final da série porque esse foi o primeiro episódio de The Walking Dead que eu pude assistir como um espectador, sem saber o que ia acontecer. Eu não li o roteiro, eu não tinha ideia do que iria rolar. E isso foi legal pra caramba, eu pude perceber o trabalho incrível que todos fazem… eu fiquei extasiado por o Andy (Rick) e Sarah (Lori), achei que a cena deles sobre o Shane foi feita lindamente. Eles são atores incríveis.



Qual era sua opinião sobre Shane?
Na verdade, eu fiz o teste para Rick e para Shane, mas eu realmente adorei a personalidade do Shane. Eu acho que Shane estava contente em ser o pit bull do Rick. Ele nunca olhou para Lori de maneira indevida antes do apocalipse, ele era parte da família Grimes… o tipo de cara que chegava na hora do jantar e ia fazer o prato dele.
Ele tinha uma vida social e nunca invejou o que Rick tinha. E então o apocalipse aconteceu, ele tinha essa mulher e uma criança que estavam dependendo dele, e por amor e lealdade ao seu melhor amigo, ele cuidou deles. Mas é muito difícil para alguém como o Shane, uma vez que ele teve poder e percebeu que não havia consequências para suas ações, quando você acha que está fazendo as escolhas corretas e alguém está tentando te impedir, isso muda uma pessoa como ele. Não sei se eu faria as mesmas escolhas que Shane, mas entendo por que ele fez o que fez.


E como foi interpretar o outro lado da história sendo um zumbi?
Poxa, aquilo foi estranho. Tipo, olha só, eu sou obcecado por preparação, então sempre que estou na frente das câmeras  eu realmente tento compreender tudo o que está acontecendo na cena, e quando eles disseram, “Tudo bem, hora de fazer sua maquiagem de zumbi, colocar as lentes de contato, tá na hora de interpretar um zumbi.” E eu fiquei tipo, “Eu não sei como interpretar um zumbi! Eu não pratiquei meu andar, tipo, eu não tenho ideia de como fazer isso.” Quero dizer, aquilo foi… eu sempre sobre que iria acontecer, nós sempre conversávamos sobre isso, mas foi muito surreal. Eu não amei ser um zumbi, vou ser sincero com você. [Risos] As pessoas sempre perguntam “Como eu faço para ser um zumbi? Como eu faço para ser um zumbi?” e eu falo, “Você quer mesmo usar 18 kilos de maquiagem e ficar sentado no sol o dia todo?” É por isso que aqueles caras passam.


A maquiagem do programa é mesmo incrível; eu piro toda ver que eu vejo o trabalho deles.
Isso é demais, sabe, Greg Nicotero, nós temos muita sorte de tê-lo, ele é o melhor do mercado. Eu acho que foi uma decisão maravilhosa do Frank [Darabont] fazer isso em live action e ao invés de usar CGI.



Sim, eu acho que faz uma enorme diferença no clima da série, o jeito como parece perigoso e real.
Sim, nós filmamos em película, nós não filmamos em alta definição. Tipo, tem todas essas decisões que acho que as pessoas não reconhecem… esse programa poderia ser uma porcaria inacreditável, sabe, se fosse feito do jeito errado. Tipo, pensa só: uma série sobre zumbis, e um punhado de atores falando com sotaque sulista* correndo de pessoas maquiadas. Poderia ser terrivelmente ruim. Acho divertido que para fazer coisas realmente boas, você tem que correr o risco. Você tem que ir até o fim e ver no que vai dar, tipo “Beleza, se a gente ferrar com isso, nós vamos quebrar a cara, mas se isso der certo, nós vamos ser os caras,” sabe? Eu creio que esse é o tipo de equipe que Frank juntou para essa série. Tipo, eu nunca encontrei um grupo de atores e equipe técnica mais engajado. É um grupo de pessoas tão embaçadas, e isso é o que empolga, e todos percebem o quão sortudos são de estar lá, e todos lá dão tudo de si. E na verdade é uma família… eu sei que atores dizem essa merda o tempo todo [imitando]  “Oh, nós somos uma família!” Eu estive em um monte de trabalhos – eles não são uma família. ISTO é uma família, sabe? É realmente especial, e vou sentir saudades de todo o coração.


*nos EUA, o sotaque sulista é considerado sotaque caipira.



Você está preocupado de ser assombrado pelo personagem Shane, dada a popularidade do programa?
Não… Na verdade, eu ainda não pensei muito nisso [risos], mas não, eu tento fazer cada personagem de maneira distinta, estou orgulhoso do meu trabalho então não me importo se eu for conhecido como o Shane.



Então, agora que você saiu de The Walking Dead, você vai estar no novo projeto de Frank Darabont,L.A. Noir?
Sim, vou interpretar um tira, Joe Teague, que enfrenta o gangster Mickey Cohen. Estou muito satisfeito de estar trabalhando com Frank de novo, tipo, ele é um dos maiores diretores da atualidade. E será interessante explorar esse novo personagem que é tão completamente diferente do Shane.


Você atuou bastante no teatro…
Eu amo atuar no teatro. Eu pude fazer uma peça super legal aqui em Los Angeles no ano passado. Nós fizemos a peça sem receber nada, um teatrinho minúsculo, só divulgação boca a boca, e a peça foi um sucesso e  criou uma vida própria; nós ganhamos todo o tipo de prêmio e ganhamos um reconhecimento maravilhoso, e estamos indo para Nova York encená-la no circuito off-Brodway quando eu terminar as filmagens da série nova. E eu estou bastante animado porque estar no palco para mim é o máximo.


Sua biografia no IMDB diz que você estudou teatro em Moscou… o que te fez ir para a Rússia?
Eu fui para a faculdade nos Estados Unidos praticando esportes e na verdade era nisso que eu estava envolvido, e me meti em bastante confusão também. Então eu descobri artes cênicas na faculdade, mas era meio zoado. Então eu conheci uma professora maravilhosa chamada Alma Becker. Ela disse que eu tinha talento, e fez eu acreditar em mim mesmo. Eu tive que largar a faculdade, eu não me formei, mas eu disse, “Alma, eu sei que é isso o que eu quero fazer, eu sei que eu quero atuar e ser o melhor ator que eu puder,” e ela disse, “Se mude para Moscou. Vá estudar no Moscow Art Theater, é a melhor escola de teatro do mundo. Vai te fazer crescer bastante, vai te ensinar a respeitar essa arte, vai te dar um entendimento maior da natureza humana. Vá para algum lugar onde ser um ator não seja somente algo da boca para fora e sim algo que você conquistou pelo esforço.” Eu disse, “Beleza, isso faz sentido.”


E foi o que eu fiz, e com certeza isso realmente mudou a minha vida e me preparou para essa carreira pelo resto da minha vida. Sabe, isso é o que eu vou fazer para sempre, e eu amo isso e eu percebo que grande honra é trabalhar nesse ramo. Eu estudei artes cênicas literalmente cada dia da minha vida por cinco anos antes de sequer ir a um teste. E eu sou muito grato por isso. Eu sinto que muitos atores por aí se focam tanto em estar no lugar certo na hora certa ou tentando conhecer pessoas influentes, ou tentando conseguir um agente. E então eles conseguem uma oportunidade e não têm a mínima idéia do que fazer. Eu me sinto realmente abençoado por ter por ter gastado tempo descobrindo o que fazer uma vez que eu conseguisse uma oportunidade. Então eu devo à Alma todo o meu talento, e na verdade foi ela quem celebrou o meu casamento no verão passado. Então, ela foi uma pessoa extremamente importante para mim durante toda a minha vida e sempre vai ser.


Eu também li que você é boxeador… há alguma ligação disso por  a interpretação? Há coisas do palco que você também leva para o ringue?
Eu acho que tudo está relacionado… tipo, eu amo boxe, e quando você entra no ringue e está lutando contra alguém, e você está por sua própria conta. E eu me amarro nisso, há uma repetição e um foco nessa prática, o treinamento, a rotina. Eu vou para uma academia de boxe seis vezes por semana não importa onde eu esteja. Quando eu estava na Geórgia fazendo o The Walking Dead eu não deixava de ir um só dia. É meio que algo que eu tinha que fazer naquele momento. Acho que a parte inferior do meu rosto está completamente esfolada, eu quebrei o meu nariz algumas vezes eu estou parecendo um bicho… mas o bom é que uma vez que o estrago já foi feito, meus agentes não podem ficar fulos. [risos]


Você soa como uma pessoa super focada; o que quer que você esteja fazendo você encara de frente.
Às vezes, mas eu também sou super na minha, eu amo Willie Nelson, eu amo o Greteful Dead, eu amo relaxar e comer uma pizza e acender um baseado* e sair por aí. [Risos] É nisso que eu me amarro… eu curto mesmo essas coisas, mas eu acho que se você vai fazer algo é melhor fazer com todo o empenho. Mas sim, eu tenho um filhinho agora, e se eu tivesse escolha eu simplesmente ficaria com ele o tempo inteiro. Ele tem 8 meses e meio. Ele cresceu no set de The Walking Dead, ele vai ser diferente. Ele não se assusta, ele não tem medo de nada [risos].
*spliff: mistura de tabaco com maconha



1 comentários:

  1. Anônimo disse...

    Mto bom cara .

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